Mundo de adultos e mundo de crianças? Eu prefiro voltar ao
ponto mini que não passava de 1.50m, aquela que em dias de chuva se divertia a
abrir cada poça que encontrava na rua, que se ria dos pés molhados, que não
pensava nas consequências disso. Aquela criança que no dia a seguir acordava
constipada e mesmo assim tinha a força toda para sorrir, levantar-se da cama e
dirigir-se a escola. Era preferível o tempo que tudo era novo, onde o ABC era a
coisa mais fantástica do mundo, as contas de somar eram giras, e os trabalhos
manuais eram os meus preferidos. É engraçado como um “já passou”, conseguia
secar todas as lágrimas depois de uma queda. Discussões entre amigos resolviam-se
com um jogo. Misturar e trocar cores nunca foram problema. O maior problema era
quando queríamos “crescer” sem saber o quão bom era ser-se criança. O que mais
me fascina é que não importava a cor da pele, não importava a altura, não
importava o físico ou o estatuto social da pessoa. Brincadeira era sempre bem
vinda.
No mundo dos adultos? Ser-se pequena é defeito, brincar com poças de água torna-se ridículo,
ir à escola é um sacrifício, estar doente é só uma desculpa para faltar. Os ABC
e as contas decidiram complicar. Os trabalhos manuais deixaram de existir. Os “já
passou” não resolvem uma queda. Discussões entre amigos, separam amizades. Se
trocas o azul com o verde já es considerado retardado… O sonho que tínha em
crescer, agora so queria voltar ao tempo atras. A cor da pele é mais importante
do que o sorriso, a altura é mais
importante que a maturidade , o físico é a passagem para onde quer que seja e o
estatuto social, quando maior mais amigos tens. As brincadeiras acabaram e o
que resta são simples lembranças que se guarda com carinho.
Porque, ser-se criança é a melhor coisa do mundo.