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Porta fechada, luzes apagadas, precianas corridas, cabeça na
almofada, fones nos ouvidos, telefone no silêncio. Adeus mundo de fora, olá MEU
mundo.
Não é extremamente correto dizer que é meu, quando no fundo
nada nos pertence, mas é verdade que enquanto estou nos mais profundos sonhos,
tudo parece ser possível. Como os contos de fadas, mas neste eu revivo o “antes”,
penso no “agora” com outros olhos, e tento imaginar o “depois”. Será estranho
dizer que trocaria o “agora” por um “antes” ? ou mais, trocaria certos receios,
certas desconfianças, pelas certezas que tinha, pelas totais confiança que me proporcionavam,
é estranho não?
No meu mundo eu sou feliz, no meu mundo consigo trocar o
pior pelo melhor, no meu mundo não preciso de figurantes. Apenas personagens
principais. No meu mundo acabam-se os desgostos, as lágrimas, os dias
infelizes. No meu mundo, ainda revivo o “antes” , ainda tento contar a historia
de outra maneira, ainda rabisco e risco o que não precisa de aparecer, ainda
tento construir um novo conto, retirando palavras, assuntos, tentando escrever
de novo as palavras que ficaram invisíveis devido ás gotas de água salgada que
lá corriam.
Um dia contarei o “agora”, um dia reviverei esse mesmo “agora”
sem precisar de rabiscos e panos secos para absorver as lágrimas. Um dia farei
tudo isso, mas agora, no MEU mundo ainda existe o “antes” que marcou.