sábado, 19 de janeiro de 2013

temporal





O céu estava escuro como as cinzas, o vento soprava como se quisesse despir as casas, e as chuvas debatia-se como pedregulhos.
Perguntava-me eu se o 2012 tinha chegado atrasado, se havia alguma razão para o tempo estar tão obscuro e tão violento com ele próprio. E no meio das minhas perguntas veio então o grande problema, muito sabia eu que iria ficar tao fria como o temporal lá de fora. Ela, de nome não identificado, disse, afirmou, contestou, teimou, e eu fiquei no meu quieto espaço como se aquelas palavras de mágoa nada me tivessem afectado. Como se cada pedregulho que ela mandava não me acertasse devido a uma barreira que me protegia. Seria a minha força interna? Seria a raiva que não deixava aquelas palavras saírem em modo choro, seria o ódio que comia cada palavra antes de elas chegarem até mim? Ou seria simplesmente a preguiça da cabeça que não lhe apetecia interpretar aquilo?
O que é certo, é que de cada palavra daquelas, parecia o vento a soprar com mais força do que antes. O que é certo, é que de cada pedregulho, parecia que a chuva teimava em se lançar com mais força. O que é certo é que nada do que supostamente me iria afetar, afetou … Ficou tudo em modo obscuro, e eu fiz como o vento, mesmo zangada e magoada, sai dali fria com uma pequena diferença, eu ia em passos pequenos sem que ninguém me ouvisse. 
Quando me deparei com o meu quarto, quando reparei que o vento tinha acalmado, pouco das minhas lágrimas começaram a escorrer, mas em pequena quantidade, pois a frieza já à muito que gelou todo o meu coração. Olhei pela janela, já as cinzas tinham desaparecido, já as nuvens carregadas tinham ido embora, já havia o reconforto duns pequenos raios de luz que se avistavam. Essa pequena diferença no tempo, fez uma grande diferença em mim, embora o vento continuasse a soprar com a maior força que podia existir, embora o meu coraçao ainda sentisse aquele frio, o meu desejo foi maior e vim traduzir o que sentia e via em palavras. Palavras que começavam a soltar o meu desejo. E com tudo o que vi, com tudo o que senti deu-se este pequeno mas grande texto de semelhança. O que aprendi ou reparei foi simples… Não importa a quantos dias vamos, não importa os Invernos que passem ou os Verões que venham, vai existir sempre um vento gelado a soprar quando menos esperamos. Da mesma maneira que se assemelha a mim, não importa o que de bom possa acontecer, se são os momentos maus que nos gelam todo o coração.