“Só damos valor quando perdemos”. Tão real. A forma como foi
escrita, de inicio não dei valor, passei horas, dias, meses a pensar sempre o
mesmo. A verdade é que são todos iguais, formados pelo mesmo esqueleto, com a
mesma quantidade de ossos, os mesmos órgãos, mas muda uma coisa, o tamanho do
coração. Mas isso só vemos no final, quando menos esperamos. É verdade, não
existe momento para chorar, não existe momento para sofrer. Quando tiver de
acontecer acontece, por mais que prometamos a nós próprios. O que foi, foi. O
que tiver de vir verá. Mas se foste é porque tiveste de partir. Lutar cansa é
verdade, mas à aqueles que lutam sem mais parar, e à outros que desistem quando
já quase têm o que querem. É dai que se vê os fortes, é daí que se tira os
fracos. É desses momentos e dessas lutas que olhamos e vemos quem amou de
verdade, quem prometeu e cumpriu. É estranho estar a escrever assim quando eu
própria já errei, quando eu própria já desisti de mim, quando eu própria já
deixei de lutar pelo que mais amava. É difícil olhar para o “alguém” e ver que
se foi. É difícil ver com outra pessoa, aquele a quem demos o nosso “tudo” , a
quem nos entregamos de braços abertos. Existe mil coisas para sofrer,
quinhentas para desilusões, mas apenas UMA para partir um coração em mil
bocados, o ciúme. Ciúme do que é nosso, ciúme do que já foi nosso, ciúme do que
se quer que seja nosso. Se é paranóia? Não, não é. É sim um sinal que amamos
algo, que precisamos do motivo pelo qual temos ciúmes. É sinal que temos
coração, que temos lutas para vencer, é sinal que tememos perder algo. Existem
mil arrependimentos na minha vida. Existem mil coisas para pensar, existia 1
promessa do qual não fui capaz de cumprir, não por mim, mas pelo meu coração.
Chorar? Prometi não chorar, e foi essa a promessa que quebrei. Dum cubo de gelo
no início, alguém lhe deu o calor que precisava e daí? Daí nasceu o motivo pela
qual a promessa não foi cumprida, o gelo que se derreteu ficou cá dentro a
espera, espera de poder congelar de novo, mas isso? Não aconteceu. Ele saiu pelos
olhos, escorreu pela cara, e acabou secando na manga da roupa. Dar valor,
dá-mos sempre. Mas não damos nem o verdadeiro nem o total do valor que as
pessoas merecem.